sábado, 16 de junho de 2012

Quatro da Madrugada

Acho que é iluminada, essa Taynara
Tem uma faísca na alma, isso dá pra ver
Emana luz pelos cabelos,
Que ao vento parece se perder.

Ela fala sobre uma tal de métrica
Sobre frutas que não provei
Sobre a saliva musical da Tiê.
A respeito da saliva e da métrica
Diz que tenho, e uso bem.

Acha beleza em tudo, não sei se realmente procura
Ou se a alma é límpida assim mesmo
Só sei que ficarias linda
Ao lado do meu pé de pitanga
Com o sol lhe pintando os cabelos.

Te vejo ali mesmo, ao lado do pé de pitanga
Admirando o pássaro marrom
Com o violão na mão.
E se erras a letra da música
Ou o acorde da composição
Ri feito o passarinho
Que a essa altura já encantado
Desata em sua própria canção.

Parece indestrutível, essa Taynara
Por isso merecia um poema
Mesmo feito ás quatro da madrugada.
Poderia ser qualquer poema,
Esse poema
Para Taynara.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Apesar de Não Gostar da Matemática

De uns tempos pra cá andei te reduzindo.
Te reduzo a um roçar de rostos
Te reduzo a um silêncio gritantemente carinhoso
Te reduzo a uma noite fria na calçada do bar
Te reduzo por desgostar.

Continuo a te reduzir a cada noite que passa,
A cada música que toca
A cada metáfora que, descendo a rua, invento.
Te reduzo até se tornar irredutível
Mas ah, como gosto de te reduzir.

Te reduzo ao cheiro de tabaco,
Meu cheiro de cigarro e café amargo.
Te reduzo aos meus devaneios sentada no parapeito,
Com a porta trancada, te reduzo a um segredo.
Te reduzo desesperadamente
Até atingir a espessura de um átomo,
Para que assim, largue mão
Desse mal hábito de redução.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Passe Devagar

E se você passar, passe devagar
Para que eu possa lhe apreciar
Te agraciar, te beijar... devagar.

Pois se passas a mais de cem
Sempre haverá algo que irá faltar
Futuramente irei perguntar o que poderia ser.
Ou ainda será?

Por isso, se for passar, passe com seu passo lento
Para eu poder lhe agraciar
Para que consiga gravar teu cheiro,
Seu chamego.
Para guardar os sinos badalar
E sua essência desprendida
Em mim se apegar.

Não me faça sofrer, passe devagar
Quero te olhar.
Suas subjetividades me interessam
Seus pensamentos sujos também.
Mas passe devagar, para eu poder confiar.

E se você passar devagar
Ah, como irei te apreciar.
Ah, como irei te agraciar.
Ah, como irei te beijar.